Números são do Imea e se referem a soja, milho e algodão, que ocuparão uma área de 30 milhões de hectares.
Enquanto a União Europeia, um dos grandes mercados para os produtos brasileiros, prevê uma redução na produção de cereais nos países do bloco nos próximos dez anos, Mato Grosso, o principal produtor brasileiro, aponta para um grande avanço.

Na safra 2031/32, os produtores mato-grossenses vão produzir 143 milhões de toneladas de grãos, considerando apenas soja, milho e algodão. Se concretizado, esse volume supera em 65% o atual.

Neste mesmo período, a área de plantio sobe para 30 milhões de hectares, 52% acima da atual. Os dados são do Imea (Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária). Segundo o instituto, as novas áreas virão do reaproveitamento de pastagens degradadas.

O estado avança também na produção de carnes, que atingirá 3 milhões de toneladas em 2032, com alta de 43% em relação à atual.

A soja, o carro-chefe da economia brasileira e de Mato Grosso, ocupará uma área de 16,5 milhões de hectares no estado, com estimativa de produção de 58 milhões de toneladas.

A área de milho, que sempre acompanha os passos da soja, sobe para 11,6 milhões de hectares, gerando uma produção de 81 milhões de toneladas no período 2031/32.

 

Nos cálculos do Imea, o algodão vai ocupar 2 milhões de hectares, respondendo por uma produção de 3,9 milhões de toneladas —a atual é de 1,8 milhão.

No setor de proteínas, os abates de bovinos sobem para 6,24 milhões de cabeças de animais, 25% a mais. Com isso, a produção de carne atingirá 1,9 milhão de toneladas, 36% a mais.

A suinocultura tem um ritmo de evolução menor do que o da carne bovina no período. Os abates vão para 3,91 milhões de cabeças, com alta de 19%, e a produção de carne somará 372 mil toneladas, 25% a mais.

O abate de aves cresce 54% nos próximos dez anos no estado, para 267 milhões. A produção de carne de frango aumenta para 712 mil toneladas, com alta de 63%.

Para a atual safra, a de 2022/23, o Imea prevê um aumento de 2,9% na área de soja e uma produção de 41,5 milhões de toneladas. A produção de milho aumenta 5,9%, e vai a 46,4 milhões, enquanto a área de algodão fica estável, mas a produção cresce 12%.

Os preços vão continuar atraentes para os produtores no próximo ano. O da soja sobe 19%; o do milho, 22%; e o do algodão, 18%. Apesar da alta dos preços, a renda do produtor não será a mesma.

O custo operacional total de produção da soja sobe 51%; o do milho, 30% e o do algodão, 27%, aponta o Imea.

A safra de 2022/23 será um período em que o produtor voltará a colocar mais dinheiro próprio em seu negócio.

Os recursos próprios vão representar 33% dos gastos com a safra, um percentual bem acima dos 17% de 2020/21 e dos 23% de 2021/22.

Os recursos federais são os menores para o estado, recuando para 2% do volume de financiamento da safra. O sistema financeiro participa com 17%, mesma taxa das revendas. As multinacionais ficam com 30%.

Os produtores vão investir R$ 18,3 mil por hectare de algodão semeado; R$ 6.873 para a soja e R$ 4.500 para o milho. Nesta safra 2022/23, os custos com fertilizantes caem, em relação aos da anterior, mas os com defensivos sobem.

Em 2023, na avaliação do Imea, o conflito entre Rússia e Ucrânia vai continuar tendo efeitos sobre a agropecuária. Há uma possível redução no consumo de fibras, devido à economia mais fraca, mas a demanda chinesa deverá melhorar.

A condução da política fiscal do próximo governo, principalmente nos primeiros meses do ano, vai gerar incertezas, segundo o instituto.

A União Europeia também divulgou suas estimativas para os próximos dez anos. Ao contrário de Mato Grosso, estima uma redução de área de plantio, produção menor de alguns cereais e necessidade de importações de milho, arroz e soja, produtos que os brasileiros poderão oferecer.

 

O consumo humano de alimentos sobe 3,9% nos países do bloco nos próximos dez anos, mas o animal deverá cair 6%.

A produção de proteínas será mais eficiente e mais ecológica, com aumento de produtos orgânicos.
O consumo per capita cai 1,5 kg, com reflexo principalmente na carne bovina. O consumo de carne suína se sustenta e o de aves cresce.

Os membros da Comissão Europeia estão em alerta com várias dificuldades que deverão ocorrer no campo: clima, declínio de fazendas familiares e envelhecimento dos agricultores (Folha de S.Paulo, 15/12/22)

Fonte: Brasilagro